O homem responsável pela construção da primeira pirâmide do
Egito, a pirâmide de degraus de Djoser, seu projetista e coordenador de todos
os trabalhos, foi Imhotep (I-em-htp em egípcio), arquiteto genial, médico,
sacerdote, mágico, escritor e primeiro ministro daquele faraó.
Infelizmente,
poucas informações chegaram até nós sobre essa misteriosa personalidade
histórica, mas seu legado foi inesquecível. Prova disso está no fato de que sua
vida foi celebrada por três mil anos, desde a época da construção da pirâmide
de degraus até o período greco-romano, o que, historicamente, ocorreu com
poucos homens. Durante toda a história egípcia, a era de Imhotep foi
considerada como uma época de grande sabedoria. Ele foi o primeiro grande herói
nacional do Egito. Era tido em tão alta consideração pelos egípcios como médico
e sábio que, 23 séculos após sua morte, acabou sendo deificado como deus
tutelar da medicina. Os gregos, por sua vez, deram-lhe o nome de Imuthes e
identificaram-no com Asclépio, filho de Apolo, o Esculápio dos romanos, deus da
ciência médica.
Ele também era considerado pelos egípcios como o maior dos
escribas e escreveu tratados de medicina e de astronomia e uma obra de
provérbios que, infelizmente, não foi encontrada pelos arqueólogos. Quando se
tornou lendário, os escribas lhe prestavam homenagem derrubando algumas gotas
de seu godé em honra do antigo escrevente antes de começarem seu trabalho.
Durante o reinado de Djoser ocupou a segunda posição na hierarquia faraônica e
na base da estátua daquele rei, encontrada em sua pirâmide, o nome e títulos de
Imhotep aparecem no mesmo lugar de honra que os do faraó. Os seus títulos eram
muitos: Chanceler do Faraó do Baixo Egito, Primeiro após o Faraó do Alto Egito,
Administrador do Grande Palácio, Médico, Nobre Hereditário, Sumo Sacerdote de
Anu (On ou Heliópolis), Arquiteto-Chefe do Faraó Djoser, Escultor e Fabricante
de Recipientes de Pedra. No Período Tardio lhe era prestado um culto em uma das
capelas do complexo de Saqqara, local para onde afluíam os coxos de todo o país
em busca de cura.
A tradição diz que Imhotep era filho de uma mulher chamada
Khreduankh e do deus Ptah. Seus pais deviam ser membros da aristocracia, como
indica o título de Nobre Hereditário. Provavelmente foi educado por um escriba
a partir dos 12 anos e teria começado sua carreira ainda jovem. Deve ter
ingressado na vida sacerdotal, sendo que a função de Sumo Sacerdote de
Heliópolis só podia ser ocupada após extensa educação nas artes e nas ciências.
A grande engenhosidade e perícia desse homem consistiu em
incorporar a um monumento de pedra todos os métodos artísticos e de engenharia
que durante décadas haviam sido aplicados a construções de madeira, feixes de
caniços e talos e tijolos de limo secos ao sol, obtendo como resultado final um
extraordinário complexo funerário. As inovações introduzidas por Imhotep foram
muitas: a coluna estriada e não estriada, os pórticos, os propileus, os
pilares, os capitéis nas mais variadas formas, baixos-relevos cheios de
realismo e de vida, obras de olaria envernizadas ou esmaltadas. Usando uma
linha leve e elegante ergueu pequenos templos, edículas e pavilhões. A ele
também se deve o hábito de orientar rigorosamente as pirâmides para o norte.
Por tudo isso, ele tem sido considerado o gênio criador da arquitetura.
Recentemente no filme A Múmia, deturparam a figura de
Imhotep, o limitando a um ser mesquinho e vingativo, coisa normal em Hollywood
estragar os feitos de grandes personagens da História, desde de que, esses personagens não sejam estadunidenses.
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